quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Dias difíceis


Salve pessoas. Hoje, eu tive um dia daqueles. Dos que fazem você duvidar se adianta.. se é possível.. enfim... vou começar pelo final e fazer a arqueologia do processo:
Um aluno de 6o ano, já repetente, que toma remédios e tem histórico de dificuldades de relacionamento agrediu outro aluno de 6o ano na saída da escola. Eu só vi os estragos e ouvi os relatos. Corri atrás de resolver o problema. Conversei com o agredido, expliquei pra ele que era um caso de polícia e tentei tranquilizá-lo. Ele foi agredido por pelo menos 4 outros alunos (sendo 3 da minha escola e 1 ex-aluno da escola).
Os dois principais envolvidos são de turmas diferente e estiveram suspensos juntos ontem na biblioteca. Algum bate-boca iniciado lá terminou com a agressão de hoje. O ex-aluno da escola, amigo do agressor principal, inclusive golpeou o agredido com o pneu da bicicleta, o que causou a lesão principal. Liguei para a mãe do aluno agredido, que estava no trabalho no Plano. Levei o filho dela pra casa de carro e a direção ligou pra mãe do agressor, que não demorou a aparecer na escola. Ele foi suspenso, vai ser transferido e acha que é a vítima e não o culpado. A escola registrou tudo e a mãe do agredido vai amanhã, sendo que eu já recomendei registrar ocorrência, mas as pessoas geralmente desistem.
O agressor principal foi meu aluno ano passado. Tem um histórico muito difícil e toma remédios controlados. Ele já vinha transferido de outra escola por ter brigado com o guarda do portão. Eu gastei muita energia com ele e consegui estabelecer uma relação de confiança. Ainda assim, ele acabou evadindo. Esse ano voltou, perdendo o início do ano letivo e o coloquei na turma que sou conselheiro para administrar o problema mais de frente. Conversei muito com ele, mas ele rapidamente se alinhou com os outros dois alunos problema da turma, um dos quais também participou da agressão.  Os 3 foram suspensos na terça-feira por uma brincadeira com barbantes que machucou uma colega de turma. Passaram a quarta-feira suspensos na biblioteca realizando atividades que eu supervisiono como posso, indo entre as aulas ou enquanto a turma copia algo do quadro. 
Hoje mesmo, durante o intervalo, eu tinha conversado com a mãe dele e ele, falando sobre como ele tinha que mudar, respeitar a mãe dele, se esforçar e parar de andar com os outros dois. Quase vinte minutos de conversa. (Essas conversas sempre implicam em choro, porque eu falo do meu pai).
O agredido é um ótimo aluno, com boas notas e comportamento dentro da média. Foi suspenso pela primeira vez e por um deslize. Eu o suspendi para lhe  ensinar uma lição, que quando fosse na onda dos outros, ele ia se lascar junto. Ele chorou, tentou dizer que não era tão culpado assim. A mãe veio à escola no dia seguinte (ontem). Expliquei o motivo e garanti que ele era um bom aluno, mas que precisava perceber o preço dos atos dele. Ele cumpriu muito bem a atividade da suspensão. Além disso, leu um livro sobre mitologia grega que mostrei pra ele.
Eu sei que a culpa não é minha, até porque saí do mundo da culpa faz tempo. Mas me sinto responsável, o mesmo que me move é o que me fustiga. A responsabilidade que me faz tentar mesmo com tanta pedra no caminho é a mesma que me castiga numa hora dessas. Eu cruzei o caminho dos dois e não impedi a culminância grave da situação. Tô arrasado. Pra vocês verem que nem só de "Fica Jorge" vive o homem.. e agora tô pensando sobre o que fazer.. o que vem pela frente. Vamos ver. Amanhã, vai ser outro dia...

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