terça-feira, 9 de setembro de 2014

Putz... o IDEB da minha escola caiu e agora?



Salve pessoas... pois é... saiu o IDEB.. o índice de desenvolvimento da educação básica, Índice do governo que mede a qualidade da educação nos níveis fundamentais e médio. "A nota caiu em 16 estados" diz a oposição... "a situação vem melhorando" diz a situação. E na prática como andam as coisas?
Na minha escola, CEF 308 do Recanto das Emas, o IDEB caiu. Pela segunda vez consecutiva. A nota caiu de 3,9 em 2009 para 3,5 em 2011 e agora 3,4 em 2013. Isso significa que há menos resultado na avaliação. Além disso, até 2011, ao menos estávamos acima da meta que era 3,2, pois em 2013 a meta era 3,6.
Eu cheguei à escola em 2010. Qual é a minha avaliação? A escola melhorou muito. 
A estrutura física foi pintada e ampliada (sala de ensino integral, refeitório, quadra coberta, horta, sala de vídeo, biblioteca, sala de reforço).
A equipe de professores efetivos aumentou. Na equipe da manhã, os temporários substituem coordenadores e direção, enquanto que na equipe da tarde a maioria dos professores ainda são contratos temporários (vários dos melhores professores que conheci eram contratos, mas falo aqui do ponto de vista de continuidade do trabalho.)
Atividades e projetos vem sendo desenvolvidos em várias áreas: no ensino integral, nas aulas de reforço em matemática, nas turmas de aceleração, na gincana, na feira de ciências cultural, entre outros.
A orientadora pedagógica é presente e atuante, mas só trabalha na nossa escola pela manhã. A direção é prestativa, mas não existe muita sintonia com o trabalho dos professores. A equipe de atendimento aos alunos especiais foi reduzida de duas para uma pessoa.
Mas as notas caíram. Por que?
Em primeiro lugar, a nota da escola no IDEB leva em conta o desempenho dos alunos de 9o ano em matemática e português na Prova Brasil e as reprovações (taxa de rendimento escolar). Obviamente, essa avaliação segue a lógica do sistema de ensino em suas formas mais burocráticas. Porém, deve-se olhar seus resultados não como uma hierarquia de melhores escolas e modelos, mas como um número que merece um diagnóstico atento.
A nota de 3,4 está abaixo da meta de 3,6 como eu já disse. Também está abaixo da média do DF que é 3,8 em 2013 (era 3,9 em 2011). O Brasil tem média 4,2 (era 4,1) para uma meta de 4,4.
Os estudantes avaliados no ano anterior foram meus alunos no 6o ano em 2010 e alguns no 8o ano em 2012. Na minha opinião, eles foram a melhor geração de educandos com quem trabalhei (estou na 5a geração). Talvez pelo sabor das experiências primeiras, talvez pelas simples coisas da vida, talvez pelo mérito deles. Enfim, uma coisa que sei é que ele foram uma geração que chegou à escola na 1a série. Passaram 8 anos na mesma escola, antes que ela se tornasse de 6o ao 9o ano, ao invés de 1a a 8a série. A mudança se deu em 2011. Eu preferia do jeito antigo, pois as crianças tinham outra relação com a escola na minha opinião. Antes, elas tinham crescido ali. Agora chegam ali de outra escola. Eu até visito as crianças na outra escola (EC 510) de onde vem os estudantes para a minha para prepará-los pro ano seguinte.
Não soubemos fazer a transição de uma pequena escola de 1a a 8a para uma não tão pequena escola de 6o a 9o ano. Isso me parece o primeiro ponto.
Segundo problema é que nossos esforços individuais se perdem no marasmo coletivo. A sentença é autoexplicativa.
A terceira coisa é estarmos enxugando gelo já que educação não é prioridade PRA NINGUÉM!!! Foi mal, apelei... pra algumas pessoas é... pra mim mesmo é... mas somos poucos, meus caros. Mas aqui cabe a sabedoria de saber o que não simplesmente se muda de uma hora pra outra. A escola atende a um público da periferia do Recanto da Emas (região mais nova conhecida como Taubaté). Essa região é a mais recente e também menos estruturada da cidade, com altas taxas de criminalidade e problemas de urbanização deficiente, baixa renda e escolaridade dos pais e avós, entre inúmeros problemas das inúmeras periferias do Brasil. Lá, educação é menos prioridade do que a média também.
Seja como for, embora eu acredite que sem mudanças estruturais no âmago de nossa sociedade e de nossa cultura escolar, não haverá mudança verdadeira, há como colher melhores resultados. Ainda que na objetividade burra dos números seja difícil mostrar a subjetividade complexa das coisas, me parece que é preciso querer. Querer educar. Querer educação. Fazer sua parte.
Eu sigo fazendo mesmo que os números expressem o contrário.